3º Vagão

Jhonny pega minha mão com tanta suavidade, que o hematoma nem dói quando eu mexo meu braço. Ele diz que podemos colocar gelo ao chegar na Audácia e eu realmente espero que esse hematoma não me atrapalhe em meus golpes. Ou eu voltarei na Erudição para dar uma surra nele.


- Ana, eu sei que eles são uns monstros. Mas existe alguma explicação para eles fazerem isso com você. O que aconteceu, Ana? - Gelo ao ouvir sua pergunta. Não sei se posso confiar nele. Mas decido falar. Nada de ruim irá me acontecer. Se ele me protege, não é possível que queira me matar.


- Bom... Meu pai disse uma vez, que há muito tempo atrás, existiam pessoas que não se encaixavam em facção alguma. Eu era muito pequena, por isso não tenho como te explicar com clareza. Essas pessoas não podiam ser controladas e há lendas de quem seu cérebro não só funcionava de uma maneira diferente, como era de uma forma diferente. É um estudo muito sigiloso o que o meu pai faz, mas ele insiste em fazer com cada novo membro da família. Eu servi pra ele como um objeto de estudo. Ele tirou fotos do meu cérebro com um aparelho enorme e ele suspeitava que eu fosse diferente, mas não tinha como provar sem o soro do teste, que ele não tinha acesso, e desde então eu sempre fui punida, para ver se algo mudava ao menos em meu comportamento. Meu pai chegou a me dar um choque na cabeça. Se minha mãe não tivesse interferido, eu poderia nem estar aqui hoje. Eu não entendia, até o dia do meu teste.- Fico mais aflita ao fazer a revelação. - E você precisa guardar esse segredo pra mim. É muito importante! Eu posso estar em risco. Eu sou Divergente. - Meu tom de voz muda e eu quase sussuro ao falar a palavra e no fim apenas torço pra que ele compreenda.