2º Vagão

Run, Run…Run

Adorava aquela sensação do vento cortando meu rosto, enquanto  bagunçava meus cabelos loiros e revelando um pedaço da minha tugem da nuca. O desenho? O símbolo da audácia, achava que era uma ótima opção, afinal tinha que ser como aqueles que moravam com ela.

Os braços dobrados e acompanhando o restante do corpo, enquanto as pernas davam passos cada vez mais longos até que um salto se iniciava, e com ele a sensação de liberdade, o sorriso se abria de forma lenta nos meu lábios enquanto eu alcançava a barra lateral e abria a porta de aço, que deslizava com sutileza enquanto um som alto ecoava, girei rapidamente meu corpo para entra no trem.

Todas as vezes que embarcava, me lembrava da primeira vez que havia feito aquilo e como havia sido emocionante, a sensação de liberdade e ao mesmo tempo o medo de ser simplesmente descartada e me tornar uma sem-facção.Toquei a porta com a ponta dos dedos e com um leve impulso a fechei.

Logo teria novos iniciando, e como sempre um treinamento rígido, principalmente porque na audácia somos os responsáveis pela segurança então não temos lugares para os fracos, pelo menos é isso que eles acham que eu faço..separar os fortes dos fracos, quando na verdade consigo identificar no que cada um pode ser bom e assim descartar a menor quantidade de iniciandos, e é claro evitar que alguns divergentes se prejudiquem, afinal havia sido ajudada por um antigo instrutor da audácia, e por este motivo havia aceitado o cargo.

Divergentes sendo mortos era um de seus cenários do medo, mas muitos interpretavam de maneira errónea,  acreditam que ela tem medo de ser morta por um divergente, quando na verdade tem medo de que a matem por ser divergente.

Balançou a cabeça negativamente, e ficou em silêncio aproveitando o silêncio relaxante e ao mesmo tempo ensurdecedor do segundo vagão

Créditos Zafrina - TPO